Mulheres em ação Policiais ganham treinamento especial para abordar suspeitos em situações de risco, lidar com pitboys, imobilizar bandidos maiores e mais fortes que elas e evitar acidentes comuns à rotina de quem convive com o crime nas ruas do Rio
Rio - Que sexo frágil que nada. Um grupo de 42 mulheres das polícias Civil e Militar abandonou de vez esse estigma na última semana, quando participou do primeiro Curso Tático de Abordagem e Imobilizações Feminino. No treinamento, realizado na Academia de Polícia Civil, elas aprenderam técnicas para driblar a resistência de suspeitos em abordagens feitas por mulheres. E descobriram como compensar a estatura e a condição física, que, às vezes, são desfavoráveis. "Desde que treinados, homens e mulheres podem suportar da mesma forma a rotina de violência”, afirma Adriana Rezende, de 34 anos, do setor de operações da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA). E treinamento é o que não falta para essas mulheres. No curso da última semana, bastava o sinal do instrutor, o policial civil da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) Luís Carlos Silva, o Magaiver, para que elas retirassem as pistolas dos coldres. Até as expressões faciais mudavam, acompanhadas de vozes mais altas e graves. Todas têm um discurso na ponta da língua: “Ei, você aí! Polícia! Encosta na parede. Rosto encostado na parede. Dorso das mãos na parede. Abre mais as pernas. Afasta o corpo da parede”. DE OLHO NOS PITBOYSAlém de ensinar as técnicas, Magaiver alerta o grupo para um novo risco na cidade: “Na Zona Sul, tem um elemento chamado pitboy, lutador de jiu-jítsu. Vocês acham que vai respeitar a abordagem de uma mulher?”. Em coro, elas respondem: “Não”.Para que a situação fique sempre sob controle, o instrutor não economiza nas regras. A primeira é falar com educação e clareza, mas sem nunca esquecer de destacar a palavra “polícia”. Gírias, nem pensar. O dedo não pode estar no gatilho para evitar acidentes. “Um cano de descarga que estoura ou um grito pode assustar o policial, que atira por susto”, explica Magaiver.Idades variadas e muito zelo Do grupo de mulheres que passou pelo treinamento fazem parte desde praças de batalhões do Interior até a delegada da Delegacia Especial de Terceira Idade, Catarina Noble. As idades são bastante diversas: variam de 26 a 55 anos. O objetivo delas é atuar na linha de frente da polícia. Para conseguir isso, Adriana Rezende, da DRFA, se inscreve em todos os cursos possíveis. No último mês, participou da primeira operação em área de risco — no Morro do Chapadão, no bairro da Pavuna.Adriana começou na polícia há seis anos, depois de abandonar a carreira de 10 anos como nutricionista. “Troquei as roupas brancas pelas pretas”, brinca ela.De aparência bastante delicada, a policial garante saber fazer “cara de mau”. Ela destaca também que sempre foi submetida a intensos treinamentos: “Quando entrei na corporação, a mulher que fazia corpo mole no treinamento ouvia: ‘Fez concurso para policial ou merendeira?’”. Para Adriana, homens e mulheres têm comportamento diferente em ação. “A mulher costuma ter mais zelo em tudo que faz e mais receio de ferir alguém. Em português claro, ela não gosta de esculachar ninguém na rua”, avalia.
Rio - Que sexo frágil que nada. Um grupo de 42 mulheres das polícias Civil e Militar abandonou de vez esse estigma na última semana, quando participou do primeiro Curso Tático de Abordagem e Imobilizações Feminino. No treinamento, realizado na Academia de Polícia Civil, elas aprenderam técnicas para driblar a resistência de suspeitos em abordagens feitas por mulheres. E descobriram como compensar a estatura e a condição física, que, às vezes, são desfavoráveis. "Desde que treinados, homens e mulheres podem suportar da mesma forma a rotina de violência”, afirma Adriana Rezende, de 34 anos, do setor de operações da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA). E treinamento é o que não falta para essas mulheres. No curso da última semana, bastava o sinal do instrutor, o policial civil da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) Luís Carlos Silva, o Magaiver, para que elas retirassem as pistolas dos coldres. Até as expressões faciais mudavam, acompanhadas de vozes mais altas e graves. Todas têm um discurso na ponta da língua: “Ei, você aí! Polícia! Encosta na parede. Rosto encostado na parede. Dorso das mãos na parede. Abre mais as pernas. Afasta o corpo da parede”. DE OLHO NOS PITBOYSAlém de ensinar as técnicas, Magaiver alerta o grupo para um novo risco na cidade: “Na Zona Sul, tem um elemento chamado pitboy, lutador de jiu-jítsu. Vocês acham que vai respeitar a abordagem de uma mulher?”. Em coro, elas respondem: “Não”.Para que a situação fique sempre sob controle, o instrutor não economiza nas regras. A primeira é falar com educação e clareza, mas sem nunca esquecer de destacar a palavra “polícia”. Gírias, nem pensar. O dedo não pode estar no gatilho para evitar acidentes. “Um cano de descarga que estoura ou um grito pode assustar o policial, que atira por susto”, explica Magaiver.Idades variadas e muito zelo Do grupo de mulheres que passou pelo treinamento fazem parte desde praças de batalhões do Interior até a delegada da Delegacia Especial de Terceira Idade, Catarina Noble. As idades são bastante diversas: variam de 26 a 55 anos. O objetivo delas é atuar na linha de frente da polícia. Para conseguir isso, Adriana Rezende, da DRFA, se inscreve em todos os cursos possíveis. No último mês, participou da primeira operação em área de risco — no Morro do Chapadão, no bairro da Pavuna.Adriana começou na polícia há seis anos, depois de abandonar a carreira de 10 anos como nutricionista. “Troquei as roupas brancas pelas pretas”, brinca ela.De aparência bastante delicada, a policial garante saber fazer “cara de mau”. Ela destaca também que sempre foi submetida a intensos treinamentos: “Quando entrei na corporação, a mulher que fazia corpo mole no treinamento ouvia: ‘Fez concurso para policial ou merendeira?’”. Para Adriana, homens e mulheres têm comportamento diferente em ação. “A mulher costuma ter mais zelo em tudo que faz e mais receio de ferir alguém. Em português claro, ela não gosta de esculachar ninguém na rua”, avalia.